Incêndios em hospitais: Entenda por que esses locais precisam investir tanto em prevenção
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil, os incêndios em hospitais tiveram um crescimento de 38% até agosto do ano passado.
Em junho de 2022 vimos o incêndio ocorrido na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Minas Gerais.
O incêndio iniciado no CTI, foi provocado por vazamento de oxigênio. Foi necessária a evacuação imediata do prédio e, infelizmente, foram registradas duas mortes.
Com essas estatísticas e acontecimentos, fica evidente que as medidas de prevenção contra incêndios em hospitais precisam ser revistas.
O risco de incêndio num estabelecimento hospitalar é tão presente ou maior que em outros, evidenciando, assim, a necessidade de medidas de controle rígidas e atualizadas.
No artigo de hoje veremos o que contribui para os incêndios em hospitais e as formas de evitar esse tipo de acidente. Aproveite sua leitura!
As principais causas de incêndios em hospitais
As principais causas de incêndios em hospitais são a falta de sistemas de detecção e combate de incêndio operante. Além da falta de manutenção adequada e falta de orientação dos profissionais quanto ao manuseio de equipamentos e medidas de combate às chamas.
Especialmente nos hospitais públicos, a falta de interesse e investimento por parte das autoridades aumentam a probabilidade de acidentes nesses locais.
Hospitais são ambientes que estão em constante transformação espacial, ou seja, passam por reformas de realocação e expansão com grande frequência e, com isso, muitos gestores negligenciam a readequação do sistema de detecção e alarme e de combate a incêndios, deixando-o inativo ou em segundo plano.
Por exemplo, segundo o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, 19 dos 21 hospitais públicos não possuem aprovação para se manter em funcionamento.
Além do vazamento de gases inflamáveis, como oxigênio, a maioria dos equipamentos e instalações elétricas apresentam mau estado de conservação, o que aumenta a possibilidade de acidentes.
Na verdade, o projeto arquitetônico de um hospital já deve ser desenvolvido com adaptações necessárias para casos de urgência, bem como existir um excelente plano de prevenção e proteção de combate a incêndio (PPCI).
O Centro de Tratamento Intensivo (CTI), por exemplo, deve ser localizado em locais de fácil acesso para a remoção de pacientes em casos de emergência. Assim como outros setores que possam favorecer a evacuação de pacientes com segurança.
Portanto, é fundamental que haja fiscalização dos órgãos competentes para garantir que a estrutura hospitalar seja segura e possa estar preparada para manter a integridade dos envolvidos em casos de emergência.
Quais as consequências de incêndios em hospitais?
O ambiente hospitalar é complexo, não só no que tange a processos de evacuação, como também na movimentação de pacientes que na grande maioria fazem uso de equipamentos para manutenção de sua integridade.
Além disso, a presença de gases inflamáveis e até mesmo outros tipos de substâncias podem favorecer incêndios, especialmente em áreas mais ocultas que dificultam a identificação das chamas.
Um incêndio em hospital leva a imensuráveis perdas e consequências, uma vez que neste local há presença de centenas de pessoas vulneráveis, de recém-nascidos a idosos, com dificuldade ou sem condições de locomoção.
Além dos riscos de perdas de vidas, há prejuízos da instalação, com perdas de equipamentos, medicações e até interrupção dos serviços de saúde.
Os desafios do combate a incêndios em hospitais
Todo incêndio de grandes proporções é difícil de ser combatido. No entanto, em ambiente hospitalar, a situação é ainda mais desafiadora.
É importante lembrar que a maior parte do público presente em hospitais estão em alto grau de vulnerabilidade. Isso dificulta o processo de deslocamento e movimentação de pacientes de maneira ágil.
Outra questão é a quantidade de inflamáveis contidos em ambientes hospitalares, que favorecem grandemente a propagação das chamas, podendo ocasionar até explosões.
Um outro fator de suma importância é a interrupção dos serviços de energia, que são essenciais para manter a vida em locais como CTIs, centros cirúrgicos, neonatais e outros.
Além desses desafios, há também a complexidade dos protocolos de combate e evacuação, já que a movimentação de pacientes dependentes é mais difícil, pois demanda cuidados especiais e quase sempre mais de um profissional.
Por isso, a melhor maneira de combater incêndios em hospitais é a prevenção. Falaremos sobre isso no próximo parágrafo.
Como prevenir incêndios em hospitais?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) possui um manual sobre “Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”, onde orienta sobre medidas de prevenção e proteção contra incêndios, a fim de aumentar a segurança em ambientes hospitalares.
Todas as medidas têm como objetivo diminuir os riscos e impactos causados por incêndios em hospitais. Também visam orientar sobre a diminuição de fontes de ignição que podem contribuir para incêndios, especialmente ressaltando a importância da manutenção preventiva.
Entende-se como medidas de proteção contra incêndios qualquer ação voltada para minimizar os danos de um incêndio, bem como evitar a propagação das chamas.
Essas medidas são divididas em proteção passiva e ativa.
- Medidas de proteção passiva
São medidas relacionadas com o projeto arquitetônico e os processos de segurança da edificação.
Nessas medidas são estabelecidos os tipos de materiais utilizados, processos de fabricação e instalação.
Também são incluídos alguns fatores, em locais específicos, como barreiras corta-fogo e fumaça, enclausuramento, selagens corta-fogo e outros métodos de proteção.
- Medidas de proteção ativa:
Essas medidas são associadas somente em casos de ocorrência de incêndios.
Estão relacionadas com os sistemas fixos como:
- Detecção e alarme;
- Extinção manual como extintores e hidrantes;
- Supressão com ação automática;
- Registros;
- Dispositivos corta-fogo e fumaça de acionamento automático;
- Bloqueio de fontes de energia elétrica de ar condicionado e ventilação;
- Interrupção de fontes de combustível;
É importante ressaltar que todas as ações previstas em caso de incêndios devem estar relacionadas no Plano de Emergência Contra Incêndios (PECI).
Esse plano prevê as responsabilidades e as medidas que devem ser tomadas em caso de incêndios em hospitais.
Todo esse planejamento deve ser elaborado por um profissional habilitado pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), de acordo com as especificações determinadas pelo Corpo de Bombeiros.
Além dessas medidas, a ANVISA também estabelece a necessidade do Sistema Básico de Segurança Contra Incêndio (SBSI), previsto em seu Manual de Segurança contra Incêndio.
O Sistema Básico de Segurança contra Incêndio deve conter:
- Segurança estrutural contra incêndios;
- Brigada de incêndio;
- Acesso de viatura ao prédio;
- Controle de materiais de acabamento e revestimento;
- Rotas de fuga;
- Sinalização de emergência;
- Iluminação de emergência;
- Extintores;
- Alarme de incêndio;
- Plano de emergência contra incêndios;
Algumas edificações hospitalares podem apresentar características específicas, que variam com a altura do prédio, instalações e até mesmo tipos de serviços diferenciados.
Para esses casos, é exigido também os Sistemas Especiais de Segurança Contra Incêndio (SBEI), que contempla:
- Compartimentação Horizontal e Vertical;
- Sistema de Detecção Automática de Incêndio;
- Sistema de Hidrantes e Mangotinhos;
- Sistema de Chuveiros Automáticos;
- Sistema de Controle de Fumaça;
Como vimos, incêndios em hospitais podem acarretar consequências bastante severas em relação a outros incêndios. Portanto, a melhor forma é a prevenção.
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Até a próxima!